Somos
Os seus olhos castanhos me acalmam, sempre.
Os cabelos altamente cacheados e sempre volumosos, também.
E são sempre seus lábios que me dirigem as melhores palavras que eu poderia ouvir.
O modo como me acaricia ou me abraça, até como me olha, é terapêutico.
Não posso dizer que dependo de você.
Não dependo, nem de forma emocional, e muito menos da forma mais comum: a romântica.
Até porque, somos zucchini, e não amantes.
Nos amamos de forma que não seja uma amizade, e de forma que não seja um romance.
Amizades não são complexas como nós, e romances não são simples como nós.
Apenas somos.
É isso que aprecio em nós.
Eu, apenas sou. Não homem, não mulher, não-gênero. Não do punk, não do clássico, não-de-um-só.
Você, apenas é. Não impressionista, não surrealista, não classicista. Não sempre, não nunca, não-contabilizado.
Em essência e à parte, somos.
Mas em uníssono, somos também.
Não mais, não menos, não melhor e não pior.
Não artistas, não insensíveis, não anti-rótulo, não-em-caixinhas.
Há de se pensar nisso porque, em amizades e em romances, há quem não seja.
E, quando se unem, continuam a não ser.
Em qualquer caso, somos e seríamos.
Nós, pura e simplesmente, funcionamos assim.
Dia a dia, em uma mecânica de partilhar o que podemos.
Em um consenso de experienciar a companhia.
Na pior das hipóteses, caímos em romance.
Na melhor das hipóteses, caímos em amizade.
Na mais incrível delas, continuamos sendo.
Mas, ufa, relacionamentos platônicos não são geometrizados assim.
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
Excluir